domingo, novembro 30, 2008

Sweet November

Em novembro perdi-me em relatórios que se tornaram causas - daquelas que se guardam para dias em que podemos marcar a diferença. Em novembro surpreendi-me com a generosidade de quem dá tudo o que tem apenas pelo prazer de ajudar. Em novembro cozinhei para os meus amigos e partilhamos sorrisos e conversas. Em novembro comprei decorações de natal. Em novembro deslumbrei-me com tunas e pedidos de casamento no coliseu. Em novembro falei em público com certezas e convicções. Em novembro ofereci bilhetes de avião e fiz planos em conjunto. Em novembro voltei a descobrir a gastronomia oriental. Em novembro deixei que a cegueira me toldasse o coração, porque Blindness é tão mais que só um filme. Em novembro fui até à Suécia e vim na voz da Lisa Ekdahl que encheu a casa da música numa noite perfeita. Em novembro descobri restaurantes. Em novembro caí de bicicleta. Em novembro morri de saudades pelos amigos em África. Em novembro quis trabalhar mais, estudar mais. Em novembro o fascínio de Shakespeare caiu, finalmente, sobre mim n'O Mercador de Veneza, com o tnsj a brilhar mais que nunca com os cenários, os figurinos e os actores de Ricardo Pais. Em novembro comprometi-me com a paixão. Em novembro vesti-me à crescida e fiquei de pijama. Em novembro contaram-me a história do jazz no tão familiar tca. Em novembro entendi um pouco mais Coimbra. Em novembro vibrei com o meu clube no estádio. Em novembro pedi ajuda. Em novembro submergi o meu amor com o teste e o relatório de física. Em novembro reli A Ignorância. Em novembro agarrei-me à nostalgia. Em novembro cansei-me com tanto trabalho e com sábados passados no laboratório. Em novembro entusiasmei-me com estudos novos. Em novembro deixei que o frio se instalasse. Em novembro vi a ternura e a compaixão a confundirem-se. Em novembro ouvi o David Fonseca versão Mariachi. Em novembro fiquei horas em pé à espera. Em novembro dormi aconchegada todos os fins de semana. Em novembro perdi o WPP, eu que queria fazer dele um ritual. Em novembro sorri com os abraços nevados da minha irmã. Em novembro quis ir a correr retribuir-lhe o abraço. Em novembro decorei a minha casa para o natal. Em novembro não senti o tempo a passar por mim...

segunda-feira, outubro 20, 2008

do desassossego

O tempo passa a correr e eu a rezar para que passe mais devagar, que não tenho tempo para fazer nada.
O tempo passa a correr e eu a rezar para que passe mais depressa, que quero viver a vida que está por vir.

A ansiedade consome-me e eu a rezar que a calma chegue, que a inquietação seja levada pela chuva.
A ansiedade consome-me e eu a rezar que cheguem os dias em que toda eu serei ansiedade.

A insegurança assombra-me e eu a rezar que vá embora, que tudo há-de ser bem.
A insegurança assombra-me e eu a rezar que fique, que já não sei viver sem ela.

A preocupação insiste em ficar e eu a rezar para que se vá embora, eu a rezar para que se vá embora, eu rezar pra que se vá embora...

...eu a rezar.

quinta-feira, outubro 09, 2008

da febre do tempo...

há dias em que me apetecia mudar o mundo.

quinta-feira, outubro 02, 2008

"são vidas"

As férias (férias...) não tiveram tempo de serem absorvidas de tão radicais mudanças foram feitas! Acabados os exames tive tempo de fazer as malas, chegada a casa não consegui sequer ter noção da dimensão de tudo o que se passou, de dias que mudam uma vida, de sonhos que se realizam - que são mais que o sonhado!, não desfiz as malas - juntei-lhes uma tenda e um saco cama, seguimos a estrada (e o que eu gosto de sentir a estrada ao teu lado!) que nos levou a todos os cantos da nossa terra, sol, verão, música, família - no meu bocadinho de terra e no teu, esse teu bocadinho mágico, mais música, jantares, amigos - a dor de partir e mergulhar numa realidade que parece não encaixar. Um dia hei-de falar deste verão, contar mil histórias de sorrisos e lágrimas, da felicidade de chegar e da dor de partir, da nostalgia insondável de um lugar que não me pertence. Um dia, quando o coração serenar, quando a preocupação dos dias for leve, quando o cansaço não escorrer com o suor inundando todo o corpo.

Um dia, meu amor, conto-te como te amei, como te amo e como amo a nossa vida.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Renovação

É a palavra que está na ordem do dia. Este ainda não é o aspecto final, este espaço vai sofrer algumas mudanças mas para já fica assim que as férias sem internet não permitem mais. Na gaveta ficam, também, as memórias de umas férias sem igual (e que ainda não acabaram) mas que precisam que o coração serene antes de as poder contar. Na barra lateral canta o Diabo na Cruz a odisseia deste Verão.
Até setembro!

sábado, junho 21, 2008

Guilty Pleasures

A convite do Celi M. lá vou tentar puxar pela cabeça e lembrar-me dos meus 10 prazeres mais vergonhosos.

1. Chocolate. Não é propriamente uma vergonha mas sinto-me sempre guilty porque sou incapaz de comer só um pedacinho.
2. Sabem aquelas comédias românticas a dar pró ridículo, sem ponta por onde se lhe pegue, nem um pingo de credibilidade? Devoro-as.
3. Sim, os NSYNC foram uma das bandas preferidas da minha adolescência. Sim, ainda gosto das músicas.
4. As baladas dos anos 80 foram todas feitas para mim. "Careless Whisper" é das minhas músicas preferidas de sempre, para mim são clássicos. Gosto e, sinceramente, não me envergonho!
5. Tenho tendência para cantar como se não houvesse amanhã quando estou sozinha em casa.
6. Espremer pontos negros. Já sei que vão todos pensar "ca ganda nojo!" mas o que é que eu posso fazer? Gosto, pronto.
7. Eu não nasci com jeito para dançar, digamos assim pra ser simpática, mas adoro dançar e fazer-me de crominha quando o estou a fazer. Muito raramente em público porque aqui a vergonha vence (felizmente para os espectadores!).
8. Já li alguns livros da Margarida Rebelo Pinto e penso que entremeado com alguma futilidade a senhora até escreve coisas que fazem muito sentido.
9. Perder-me em blogs alheios ou a ver tv quando sei que devia estar a estudar.
10. Puxar a pele dos lábios, é um hábito horrível mas, às vezes, é mesmo irresistível.


Guigui, partilhas os teus?

erro

Apercebi-me que pôr o Bernardo Sassetti a tocar ali na barra lateral foi um grande erro - não sou capaz de mudar o ambiente sonoro.

Perfeição,

devia vir no dicionário como sinónimo de "Quintas de Leitura".

quinta-feira, junho 19, 2008

tira-me de mim, vá!

palavras. partilhadas ao ritmo do bater do coração. ao ritmo da ansiedade. ao ritmo do medo. ao ritmo da angústia. palavras que se enterram ao ritmo do sussurro, do desmaio, do desespero.
lágrimas. choro copiosamente por dentro. escondo as que fogem e me escorrem pela face para que ninguém as veja. vejo-te a ti naquelas palavras.

falta-me o ar, meu amor. queria envolver-te no meu abraço e dar-te um beijinho na testa. já passou, eram só palavras. eram só palavras.

quinta-feira, maio 22, 2008

aviso!

A todas as pessoas que chegam a este humilde cantinho através das seguintes buscas no google:

- "pó de anjo" (nem imaginam quantos inocentes chegam aqui enganados!!!) ,
- "drogas: ácidos" (obrigada, zikinho, por esta)
- "o que é uma metáfora" (experimentem um dicionário ou uma gramática!)

não vão encontrar aqui o que procuram.
Obrigada pela vossa visita. :)

terça-feira, maio 20, 2008

tempo

O tempo corre mais rápido que os dias. Tenho mil coisas para fazer e acabo por não fazer nenhuma. Tempo para escrever, postar ainda menos. Entre o trabalho e a faculdade não sobra muito tempo livre... Tenho exame dia 30, vou para Lisboa dia 31. Encomendei um livro de checo há 5 dias que era suposto chegar só no final da próxima semana e chegou hoje. Por isso vou só ali trabalhar e estudar um bocadinho, tentar aprender alguma coisa de checo pelo meio e fazer planos para dias que parecem demasiado longe...

E quando penso no tempo lembro-me sempre daquele trava-línguas dos meus dias de escola primária que dizia:

O tempo perguntou ao Tempo
Quanto tempo o Tempo tem
O Tempo respondeu ao tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o Tempo tem.

Na verdade, naquele tempo, o tempo tinha imenso tempo, hoje, o tempo não tem tempo nenhum!...
E assim em nota de despedida quero só dizer para quem, eventualmente, usar o amazon.co.uk que os senhores do The Book Depository são extremamente eficientes e vieram assim sabotar o meu esforço de estudar vertebrados...
Chci udržovat kontakt!

terça-feira, abril 22, 2008

vai e vem

Há coisas que dão mesmo prazer. Há trabalhos que nem o chegam a ser pelo gozo que nos dão! Este mês deixei-me contagiar por um entusiasmo vindo sabe-se lá de onde. Este mês percorri as ruas da cidade, fui a todos os sítios possíveis e fotografei tudo o que vi. Este mês perdi-me em cartazes, voltei a percorrer as ruas da cidade para espalhar um pouco mais desse entusiasmo, conheci sítios mágicos e sítios estranhos todos no mesmo lugar! Este mês propus-me uma meta e alcancei-a, com ajuda, que a verdade tem de ser dita. Mas há coisas que sabem bem partilhadas e ter ideias é só o ponto de partida para as realizar! Este mês fui editora do Arcádia XXI.



A fotografia é minha, de uma viagem que nunca esquecerei. As palavras são do Tiago Bettencourt nos dias dos Toranja, outra viagem que fará sempre parte de mim.

sexta-feira, abril 11, 2008

sedm

"So I’ll sit on your wall . If I get there first . I’ll drown in this love . I’ll never wake up"

quinta-feira, abril 10, 2008

Sweet-cakes and milkshakes

"Daydream, delusion, limousine, eyelash

Oh baby with your pretty face

Drop a tear in my wineglass

Look at those big eyes

See what you mean to me

Sweet-cakes and milkshakes

I'm delusion angel

I'm fantasy parade

I want you to know what I think

Don't want you to guess anymore

You have no idea where I came from

We have no idea where we're going

Latched in life

Like branches in a river

Flowing downstream

Caught in the current

I'll carry you

You'll carry me

That's how it could be

Don't you know me?

Don't you know me by now?"

Tenho saudades disto.

domingo, março 30, 2008

holofotes


As histórias por trás destas imagens aqui.

sexta-feira, março 07, 2008

noite


O som dos passos firmes na calçada ecoava na noite. Avançava sem ver o caminho, sem direcção, sem olhar para trás. O importante era caminhar e, para ela, não havia melhor companhia que a madrugada nas ruas desertas da povoação. Não sabia o que fazer de si naquele chão que não é seu. Parou hesitante, sem saber para onde ir. Como escolher um rumo se nenhuma daquelas ruas lhe pertence? Meteu as mãos nos bolsos decidida a avançar quando se apercebeu que o cigarro que lhe deras ainda lá estava, esquecido. Pegou nele e passou-o por entre os dedos. Sentou-se nas escadas da casa mais próxima e acendeu-o. Mas nem essa liberdade lhe é permitida, até esse pequeno prazer é teu, afinal de contas foste tu quem lhe deu o cigarro! Atirou o isqueiro para o chão, não suportava sequer olhar para a publicidade do café da povoação onde costuma ir contigo, gravada no plástico azul. O seu olhar oscila, ora fita os pés, ora fita os dedos trémulos que seguram o cigarro acesso. Não tem coragem para olhar em volta. Cada pedaço de rua, cada casa, cada pedra do muro em frente a lembram de ti. Não há nada que seja dela neste sítio. A ideia de partir atormenta-a. Os seus pés precisam de sentir a liberdade da estrada outra vez. Precisa de caminhar até encontrar um lugar que lhe pertença verdadeiramente. Partir, é só nisso que pensa. Apaga o cigarro e levanta-se, caminha mais um pouco – determinada, desta vez – até que pára à porta de tua casa. Tu estás a fumar sentado no degrau da frente, não tiveste coragem de entrar sozinho. A tua presença desarma-a, senta-se ao teu lado e encosta a cabeça no teu ombro. Ficam em silêncio. Dás uma última passa no cigarro e atiras a beata para o outro lado da rua. Ficas a olhá-la até que se extingue. Levantam-se ao mesmo tempo. Entram em casa, vão dormir, que a madrugada não vos pertence e a noite está demasiado fria.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

red


I painted my nails red today hoping it would ease how much I miss you. Looking at them this bright reminds me of you. It reminds me of the first time I painted them this colour – I felt a little unsure but when you held my hand and I saw your fingers through my red nails I knew I was safe. I met your grandma that day. I remember panicking at what she would think when she’d see my nails! But, once again, you made it all okay. I painted my nails red today because it doesn’t matter if my hands are those of a woman or of a little girl. When I’m with you my hands are my own and that’s enough.

I painted my nails red today because whenever I feel bad I think of us in bed together, you watching wrestling while I sit by your side painting my fingernails.

~~*~~
listening to Iguais [Jorge Cruz feat. Fátima Serro] playing in loop in my mind

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Queres fugir comigo?


Quero fugir daqui para um lugar onde as palavras não doem e os sonhos se tornam realidade. Um lugar onde se pode andar de carrossel e lanchar na confeitaria dos clérigos todos os dias. Um lugar quentinho onde neva no Inverno e que se enche de sol e flores na Primavera. Um lugar onde se podem construir casas feitas de chocolate e algodão doce. Um lugar onde tudo é vermelho e preto, como se olhássemos o mundo por um papel de rebuçado. Um lugar sem espaço para o medo e as incertezas. Um lugar no centro do mundo, onde só se sabe que o tempo existe porque as páginas dos livros amarelecem. Um lugar onde o silêncio é sempre acompanhado pelo som da chuva nas vidraças. Um lugar onde se pode cantar a plenos pulmões e onde há homens que dançam e gesticulam e gritam em cima de palcos. Um lugar onde a preguiça do sol de verão é um prazer maior. Um lugar mágico povoado por personagens encantadas. Um lugar onde a saudade não dói, onde todas as recordações são como áceres no Outono.

Quero fugir para Praga, para o Porto, para o nosso mundo. Onde quer que ele seja.


[fotografia retirada da capa do livro Fazes-me Falta de Inês Pedrosa]

domingo, janeiro 27, 2008

canção desta cidade





Às vezes parece que a tristeza vem para nos roubar a alma. Chega como quem não quer a coisa e senta-se ao nosso lado, deixa-se ficar até que nos afeiçoamos a ela e se torna cada vez mais difícil mandá-la embora. Afinal de contas é sempre bom ter alguém com quem conversar, alguém que sirva de desculpa para a vida que deixamos correr. E é essa mesma vida que deixamos correr que parece não deixar a tristeza ir embora… assim como um ciclo vicioso. E eu só quero que os anos passem depressa para poder viver a vida que tanto anseio. Já sei tudo de cor. Ou quase tudo, vá… Sei-te a ti e isso chega. Mas os anos não passam e os dias parecem arrastar-se numa angústia que corrói. Até que chegam dias como estes. Dias em que percebo que a tristeza não se vai embora enquanto eu não a mandar. Dias em que percebo que a angústia tem uma solução. Dias em que percebo que o tempo passa muito mais depressa se eu estiver ocupada. Dias em que percebo que já tenho a vida que quero, só me falta vivê-la.
E vou libertar-me da angústia, vou aproveitar a magia da cidade, vou tratar-te como mereces.


“Eu quero abraçar o que a vida traga. Só quero cantar esta canção. Deixar-me a nadar sem medo do fundo, até encontrar o centro do mundo.”
Jorge Cruz [com Marta Ren] in "Canção desta Cidade"

domingo, janeiro 13, 2008

Arcádia XXI

Um projecto arrojado.
Um projecto como poucos.
Daqueles que valem a pena.
Participem e divulguem!

Arcádia XXI.

sábado, janeiro 05, 2008

2


era para te contar tudo o corre por aqui. era pra te mostrar o tamanho da dor. era pra te mostrar o tamanho da felicidade. era pra te contar o sonho. mas perdi-me. esqueci-me. esqueci-me de ti no meio de todas a histórias que te queria contar. perdi-me entre o sonho, a felicidade e a dor. ainda te trago junto ao peito, não fiques triste. mas o tempo engana-me ou então sou eu que o tento enganar... nunca fui boa com o tempo. sou-o contigo, apesar do que a amargura que trazes te possa dizer. sabes que preciso sempre de mais tempo, seja para o que for. não quer dizer que não precise de ti. preciso-te tanto agora como antes, talvez mais... mas custa-me admiti-lo. o turbilhão em que agora vivo tenta ocultar-te. mas ainda sinto a tua falta e ainda penso em ti. não fiques triste comigo. eu prometo mostrar-te todos os sonhos que agarrar.


fotografia retirada do filme 'Le Fabuleux Destin d'Amelie Poulain'
[editada por mim]