domingo, abril 23, 2006

palavras

É quase impossível transmitir o conforto que trazem certas palavras. Palavras soltas. Palavras que libertam. Palavras que fazem voar. Palavras que fazem doer. Palavras de todas as cores que trazem mil sentimentos! Palavras pequenas, singelas, inesperadas. Palavras da cor do céu e da lua que aquecem o coração e aconchegam a alma. Palavras que, por vezes, quero esquecer e palavras que guardo comigo, para ler de vez em quando. Palavras que pronuncio devagarinho para as sentir a vibrar dentro de mim, a roçarem de leve a minha essência. Palavras partilhadas.
Hoje, em especial, falo destas palavras – das que por aqui fui escrevendo ao longo deste ano. Palavras em que coloquei todos os receios, todos os sonhos. Palavras absolutamente vulgares. Aqui onde me desmaquilho do ser, no canto da alma, no reflexo dos sentidos. Hoje o blog faz um ano. Obrigada a todos os que me acompanham nesta viagem. Obrigada a todos os que me oferecem as suas palavras.

quarta-feira, abril 12, 2006

Leva-me contigo

Leva-me contigo.
Porque começo a confundir-me com a sombra.
Leva-me contigo.
Porque a vida está a perder o sentido.
Leva-me contigo.
Porque os olhos já estão demasiado inchados.
Leva-me contigo.
Porque dói-me a alma.
Leva-me contigo.
Porque estão a roubar-me a essência.
Leva-me contigo.
Porque este mundo pesa-me mais do que devia.
Leva-me contigo.
Porque o tempo escorre-me por entre os dedos.
Leva-me contigo.
Porque os sonhos começam a desvanecer-se.
Leva-me contigo.
Porque perdi a minha verdade.
Leva-me contigo.

Porque estão a matar-me lentamente.
Leva-me contigo.
Porque o frio é-me indiferente.
Leva-me contigo.
Porque preciso de acreditar que tudo pode ser melhor.
Leva-me contigo.
Preciso de ti. Fazes-me falta.
Leva-me contigo.
Leva-me contigo.
Leva-me contigo.

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"Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar"
Cada lugar teu – Mafalda Veiga

segunda-feira, abril 03, 2006

banda sonora

Não vês a agonia a escorrer nas paredes
As portas não param de ranger
É como um corte que entra no tímpano
Não aguento o barulho de dentro
Já não estou só...
Já não estou só eu a ouvir...
Já não estou só...
Já anda nas ruas!
Já comentam por aí!
Qualquer coisa não está bem...
Fala-se demasiado alto para quem está tão longe...
Fala-se demasiado alto para quem está tão longe...
Mas não tinha que haver pedrada alguém levou por arrasto.
Mas não tinha que haver pedrada alguém levou por arrasto.
A luz continua presa ao tecto
Por mais que se tente tirar
Está alta demais
Ou encadeia os olhos
Ou queima quando se toca
Parece que sabe queimar
Parece que não tenho janelas
Não entra ar aqui
Não entra ar aqui
Tira a mão quente dos olhos
Tira o frio da frente
Já tenho tão pouca gente para me encontrar
Desata-me os olhos
Desata-me a cara
Desata o teu corpo dentro do meu
Tira-me a voz que puseste no tempo
Que não está a querer desistir
De pisar os membros no chão
De arrancar os braços no tecto
Tira-me de mim.
Vá... tira-me de mim.
Tira-me de mim.
Vá... tira-me de mim.
Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...

Ensaio
Tiago Bettencourt - Toranja
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pelos grandes concertos dos últimos dias... pelas grandes noites... pelas novas companhias... pela música. sempre e acima de tudo a música.