domingo, novembro 27, 2005

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segunda-feira, novembro 14, 2005

58

Vi-te hoje de manhã no autocarro. Foi tão estranho olhar para ti, ver-te. Já foste o meu mundo e agora nada sei de ti, a não ser que foste no mesmo autocarro que eu esta manhã. Estavas bonito, sempre o foste, mas hoje tinhas algo de diferente… ou talvez seja porque já não te vejo através das mesmas lentes. Íamos sentados frente a frente e não fomos capazes de nos olhar nos olhos. De falar um com o outro. Fui o tempo todo a olhar-te, mas com cuidado, não queria que reparasses. Fiquei triste. Ali, na minha frente, estava a única pessoa neste mundo a quem a abri a porta, a quem deixei entrar – ainda que só um bocadinho – e, no entanto, estamos separados por um abismo. Separa-nos um abismo de dois lugares. Enquanto te olhava de soslaio reparei que fazias o mesmo. Sorri. Sempre foi esta a nossa cumplicidade, não foi? Nunca fomos de muitas palavras… um olhar bastava. Um sorriso. Cheguei à minha paragem. Tu continuas, deves ir para a faculdade umas paragens mais à frente. Olhei para ti uma última vez antes de sair do autocarro. Está um dia lindo hoje. Sorrio. Sorrio, agora, porque a vida continua. Não olhei para trás.