quinta-feira, julho 27, 2006

Inconstância reflexiva

Não esperava vê-la quando abri a porta naquela manhã. Confesso que fiquei surpreendida… demasiado, talvez. O meu coração começou a bater a um ritmo estupidamente acelerado! Mas na verdade não sei quem ficou mais perplexa, se eu, que já tinha ouvido tantas histórias dela, se ela, que não me conhecia e que de certeza não esperava encontrar mais ninguém ali aquela hora. Controlei-me. Convidei-a a entrar e chamei-te. Nunca soube se a expressão na tua cara quando chegaste foi de surpresa por a veres ali ou de terror por nos veres juntas. Lado a lado. Perguntaste-lhe o que estava ali a fazer antes de a cumprimentares. Fulminei-te com o olhar! Ela desviou o dela e sorriu levemente. “Bom dia”, disse firme e lentamente. Aproximaste-te de nós. Ela pediu desculpa por aparecer tão cedo e, ainda por cima, sem avisar mas precisava de falar contigo. Acedeste com o olhar e apresentaste-nos. Ambas sorrimos. Enquanto vocês balbuciavam banalidades, eu observava a cena sem saber o que sentir. Sabia que nos haveríamos de encontrar algum dia, mas nunca pensara nisso, mesmo que o tivesse feito nunca o imaginaria desta forma! Num impulso peguei na carteira. Tinha de sair, tu já o sabias, pedi-lhe desculpa por ter de o fazer assim, fora um prazer conhecê-la… Balelas! Queria sair dali o mais depressa possível e tu sabias. Ela desconfiava – sorriu-me e retribuiu. Agarraste-me a mão, percebeste que ia embora por ti, que o melhor era dar-vos espaço, mas o teu olhar trazia o desespero da minha suspeita incompreensão. Fechei a porta atrás de mim e desci as escadas a correr. Parei no último degrau. Encostei-me à parede e pensei no que estava ali a fazer! Porque acedera ao teu pedido? Éramos loucos por pensar que podíamos fugir da realidade, que o que fazíamos não tinha consequências! Eu era louca por querer tanto acreditar em ti. Afastei os pensamentos (é mais fácil não ter consciência) e fui fazer o que deveríamos ter feito juntos naquela manhã. Nunca perguntei o que ela queria naquele dia. Tentei não dar importância ao que acontecera e o abraço e o olhar que me ofereceste mais tarde fizeram tudo valer a pena. Tudo. Mas ainda sinto a sombra dela a querer roubar-me a luz.
_
~~*~~
ao som de "Confiar" Toranja

6 comentário(s):

Celi M. disse...

Muito bom mesmo! Adorei!

W disse...

;...................................(

lembra-me duas pessoas.
E com o mood com que estou hj..enfim. ;(

(sim, ta mt bom)

W disse...

A parte final aproxima-se mt da pessoa q me é mais querida (dessas duas). E entao o facto de tares a ouvir a Confiar... *_*

Sorry por monopolizar os comments.

Take care

*

*Sphynx* disse...

muito real...

inda bem k valeu a pena :)

beijinho simpatico ****

Liliana Bárcia disse...

bonito

sentido

real

e tão nostálgico...

texto irremediavelmente reflexivo...

adorei, perdi-me nas tuas palavras =,)

:*

<3

**lido ao som de Careful Where You Stand - coldplay**

Tamia disse...

Por acaso pensava que o início te ía levar por outro caminho. Pensava que o fim seria outro, outra história. Fiquei surpreendida e muto feliz. Gostei muito.

A sombra paira ali, mas a sombra desaparece! Beijo