Sempre disse que não queria aquela vida para si. Sempre afirmou para si própria com toda a convicção do seu ser que nunca quereria aquele pedaço dele. Repetia-o constantemente, mas andava a enganar-se. Ela queria. Ela quer. Quer aquele pedaço dele com todas as suas forças. Deseja-o ardentemente porque, no fundo, sabe que é só o que alguma vez terá dele. Sempre disse que queria a essência maior, o ser mais puro, mas na verdade quer aquele pedaço – o rasgado, batido, oferecido ao desbarato nas calçadas gastas da sua cidade. Quer o amor sujo das roupas no chão. Quer o amor que não é amor, é só restos deles. Quer a respiração curta porque sabe que nunca terá os seus suspiros. E esquece os poemas, o amor maior que sonhava querer. E foge. Foge dela, para longe. Foge de si própria para se oferecer a ele como nunca se ofereceu a ninguém! Como ele nunca se ofereceria a ela… Vendida. Por nada. Ninguém paga nada. E a indiferença mata. A indiferença dele mata-a.
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6 comentário(s):
A indiferença mats, e mata toda a gente ao desbarato. e mata quem sorri e quem olha com um esgar mesmo que...
Só quero perceber o título, porque o resto toca no acordeão vermelho em m,il pulsaºões que me enchem de vida!
Gostei mt!
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É, são assim as indiferenças, também nunca soube mt bem como lidar com elas.
Gostei mt*
a indiferença é mais forte que a negação..
Eu já tinha lido isto, mas ainda não tinha comentado.Não sei bem o que dizer, mas gostei muito.
Take care,menina
***
B.
muito bem escrito, tania. mesmo muito bem, os teus textos parece-me sempre excrto de uma narrativa maior.. para quando uma coisa com mais paginas?
eu apoio***
"Quase pecado o que se deixa, quase pecado o que se ignora..."
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