Estava descansado quando, de repente, ela chegou. Não estava nada à espera de encontrá-la! Não, ali. Ficou sem saber o que fazer. Já não a via há tanto tempo! Quis falar-lhe, mas não soube como... De qualquer modo, ela não se apercebeu da sua presença. Melhor, assim podia observá-la à vontade.
Estava tão diferente e, ao mesmo tempo, na mesma. Isto é, à primeira vista parecia mais mulher, mas olhando com atenção ainda conseguia ver aquele sorriso de menina. Sentiu-se estranhamente aliviado. Era o que mais gostava nela: os sorrisos tão genuínos, tão transparentes. Nunca conseguia esconder um sorriso! E o seu olhar... nunca descobriu o mistério dos seus olhos. Costumava ficar horas a contemplá-los. Desde sempre que os mistérios o fascinavam, talvez por isso os olhos dela o alucinassem tanto! Eram um segredo constantemente à espera de ser descoberto. Teve saudades daquele tempo. Não que não fosse feliz agora, mas também o tinha sido então. E tudo fica mais belo através do véu que é a memória. A recordação é sempre mais bonita que o momento em si!
Ela levantou-se, já se ia embora. Não ficou muito tempo... Sentiu vontade de se levantar e ir atrás dela. Dizer-lhe qualquer coisa, não importava o quê! Tinha saudades. Queria ouvir a sua voz. Mas o seu corpo não se moveu nem um milímetro...
Entrava sempre na sua vida de forma inesperada e saía sempre cedo demais. Restavam-lhe as recordações... e era assim que gostava mais dela – na sua memória. Então deixou-se ficar, mergulhado na lembrança dela.
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E, não se apercebeu, mas lá fora o sol brilhava.